quinta-feira, 5 de novembro de 2015

NASA: Atmosfera de Marte foi "arrancada" por ventos solares

A atmosfera de Marte pode ter desaparecido por ação de ventos solares, que atingiram com força o planeta vermelho, o que explicaria o motivo de ter perdido a água que uma vez cobriu o hemisfério norte, informou a Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) nesta quinta-feira (5). O anúncio foi feito graças aos dados colhidos pela missão Maven (Mars Atmosphere and Volatile Evolution), em que sondas foram enviadas para lá.
De acordo com análises dos cientistas, as tempestades solares foram as responsáveis por transformar o clima do planeta vermelho, de um ambiente quente e propício para existência de vida, para um local frio e com características de deserto.
O que aconteceu, segundo a Nasa, foi que a atmosfera de Marte foi atacada por ventos solares e teve partículas "arrancadas", prejudicando sua proteção e afetando diretamente a mudança climática.
"Para explicar de maneira bem simples, o que houve pode ser comparado com o momento em que saímos do banho e o vento tira as gotas de água do nosso cabelo. Os ventos solares varreram parte das partículas da atmosfera de Marte", explicou o professor Bruce Jakosky, investigador do principal laboratório de física atmosférica e espacial da Universidade do Colorado, nos EUA.
Os pesquisadores afirmam que a perda de gás na atmosfera do planeta vermelho continua acontecendo, mas atualmente em taxas menores do que no início de sua formação.
"Pela primeira vez temos como explicar a evolução de Marte, como antigamente a atmosfera conseguia reter água líquida por ser mais densa, e como foi fragilizada. O processo começou quando o Sol estava muito ativo e o planeta em formação, vulnerável, por isso as mudanças climáticas foram enormes. Hoje o fenômeno segue, mas lentamente. Para a atmosfera sumir por completo pode levar alguns bilhões de anos", afirmou Jakosky.
As medições indicam que os ventos solares são capazes de "varrer" os gases da atmosfera marciana com uma velocidade de 100 gramas por segundo.
Os dados da missão mostram também que quando as tempestades solares bombardeiam Marte, as partículas da atmosfera se perdem até 20 vezes mais rápido do que normalmente ocorre, o que levou os cientistas a acreditarem que Marte já teve uma atmosfera tão densa quanto a Terra, ou até mais.
Por não ter campo magnético, os gases na superfície do planeta sofrem mais a ação do Sol, ou seja, perde-se muita matéria com a passagem dessas "rajadas" provocadas pelas explosões solares. Os estudos mostram que essa perda é maior do que se imaginava.
O que se sabe atualmente sobre a atmosfera marciana é que é bem diferente da Terra, sendo composta principalmente por dióxido de carbono (95,3%) e com pequenas porções de outros gases, como nitrogênio, argônio, neon e oxigênio.
"Isso dá indícios sobre a história de Marte e ajuda a compor a ideia de como era o planeta, que tem 4,6 bilhões de anos", diz Enos Picazzio, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG - USP). Com o enfraquecimento do magnetismo marciano, a magnetosfera do planeta perdeu intensidade e a atmosfera de Marte ficou mais exposta à ação do vento solar e das "rajadas" decorrentes das explosões solares.

Paula Moura - Colaboração para o UOL
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