quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Inauguração da Torre Alta na floresta amazônica

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a Universidade do Estado do Amazonas e a Sociedade Max Planck inaugurarão a torre de medição de 325 metros na floresta amazônica brasileira
A 150 quilômetros ao nordeste de Manaus, no meio da densa floresta tropical brasileira¸ o Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO) será inaugurado após um ano de construção, neste sábado (22). A Torre Alta, de 325 metros, é um projeto conjunto entre o Brasil e a Alemanha em que estão envolvidos o Instituto Max Planck de Química, o Instituto Max Planck para Biogeoquímica, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Além de representantes de organizações científicas, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, o governador do Estado do Amazonas, José Melo, e representantes da embaixada alemã no Brasil estarão presentes na inauguração.
Bem acima das copas das árvores da floresta tropical, um moderno equipamento de medição irá coletar dados sobre gases de efeito estufa, partículas de aerossóis, propriedades de nuvens, processos de camada-limite e transporte de massas de ar. “Com a Torre Alta estamos atingindo um marco na pesquisa do sistema Terra. Todos os dados que estamos gerando com esta nova torre de medição estão sendo incorporados a modelos para predizer o desenvolvimento do clima”, explica Ferdi Schüth, vice-presidente da Sociedade Max Planck. Os resultados da medição, enfatiza Schüth, também estarão disponíveis para os formuladores de políticas desenvolverem mais regulações sobre a política de ambiente e metas climáticas globais.
“Nós projetamos o Observatório como um laboratório de referência mundial para as interações entre as florestas tropicais e a atmosfera. Os resultados obtidos fornecerão um grande avanço na representação das florestas tropicais em modelos de sistemas meteorológicos e da Terra para gerar previsões de tempo e cenários muito mais precisos sobre o clima”, explicou Antonio Manzi, cientista do Inpa e coordenador brasileiro do projeto ATTO.
“Além disso, os parceiros do lado do Brasil, especialmente aqueles na Amazônia, têm enfatizado que o maior legado do projeto ATTO para a comunidade brasileira será a experiência a ser transferida por meio do trabalho conjunto entre cientistas e estudantes brasileiros e estrangeiros”, comentou Rodrigo Souza, professor da UEA.
“A localização da torre na floresta tropical brasileira, situada longe das influências humanas, garante dados relativamente não adulterados”, explica Meinrat O. Andreae, diretor do Departamento de Biogeoquímica do Instituto Max Planck de Química, instituição responsável pela coordenação do projeto no lado alemão. “Além disso, a Torre Alta permitirá aos cientistas, a partir de agora, realizarem medições mais contínuas nas camadas mais altas da atmosfera de modo a gerar relatórios mais confiáveis sobre o desenvolvimento da nossa atmosfera”, completou Andreae.
Do topo da torre de medição, pesquisadores também podem rastrear alterações em grandes áreas de floresta tropical causadas por massas de ar que as atravessam. Ao analisar essas interações, eles querem chegar a importantes conclusões sobre a importância da floresta tropical para a química e a física da atmosfera.
O objetivo específico dos cientistas é, em primeiro lugar, compreender melhor as fontes de produção e de consumo de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, metano e óxido nitroso. “Nós também não entendemos adequadamente o papel que a floresta desempenha na formação de partículas de aerossol e, portanto, a formação de nuvens. Uma série de segredos está esperando para ser descoberta usando nossa nova torre de medição”, Jürgen Kesselmeier, coordenador do Projeto da Sociedade Max Planck, resumindo as numerosas esperanças depositadas em ATTO.
Luiz França, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, aponta: “Esta fascinante cooperação científica é uma clara ilustração de como uma tarefa gigantesca que beneficia todo o planeta e a humanidade pode ser desenvolvida quando dois grandes países, localizados em diferentes e distantes continentes, trabalham juntos em harmonia. Nosso conhecimento sobre a região amazônica e a Terra não será o mesmo quando este empreendimento magnífico e impressionante estiver em pleno funcionamento.”
Os custos de cerca de 8,4 milhões de euros, aproximadamente R$ 26 milhões, para a construção da ATTO e os primeiros cinco anos de operação estão sendo compartilhados pela Alemanha e o Brasil. O projeto foi financiado pelo Ministério Federal de Educação e Pesquisa (BMBF) da Alemanha, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pelo Governo do Amazonas.

(MCTI, Inpa e Instituto Max Planck)

Nenhum comentário:

Postar um comentário