sábado, 4 de julho de 2015

Municípios do RN precisam se adaptar as mudanças climáticas

Por Silvio Andrade  -  Novo Jornal

A redução dos impactos causados pelas mudanças climáticas no planeta será possível com a implantação de projetos estratégicos utilizando ecossistemas autossustentáveis em substituição às obras de infraestrutura adotadas na maioria das cidades brasileiras, incluindo Natal.

O coordenador de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, André Rocha Ferretti, que participou do Fórum das Capitais Brasileiras (CB27) - Disseminação de Boas Práticas Sustentáveis, entre quarta-feira (1) até ontem no Parque da Cidade, em Natal, falou ao NOVO Jornal sobre novas práticas na gestão ambiental.

No evento, André Rocha Ferretti apresentou os temas “Adaptação das mudanças climáticas baseada em ecossistemas”, uma novidade no manejo ambiental e restauração de áreas degradadas, e “Pagamento de serviços ambientais”.

Sobre adaptação baseada em ecossistemas, ele ressaltou que as mudanças climáticas afetam a vida das pessoas com eventos extremos cada vez mais intensos e frequentes, como secas, enchentes e tempestades.

“Tudo isso tem afetado a todos. Tem que se trabalhar com a mitigação das mudanças climáticas, que é a redução de emissões para que esses eventos não se tornem mais intensos. É essencial que se trabalhe com adaptação às mudanças climáticas”, ressaltou.

As novas práticas consistem em manejar os ecossistemas naturais e também antrópicos (alterados pelo homem). Com a restauração ou obra de prevenção dos ecossistemas, espera-se manter o meio ambiente equilibrado, explicou André Rocha Ferretti, geógrafo de formação.

 Com o equilíbrio desses ecossistemas, assinala o coordenador da Fundação Grupo Boticário, os impactos das mudanças climáticas serão menores. “É essencial que esses ecossistemas funcionem bem de forma a sofrer menos as conseqüências que virão”, afirmou.

Segundo o especialista em meio ambiente, o governo federal está construindo o Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, uma forma de dar respostas mais eficientes aos efeitos danosos dos eventos naturais causados por fatores como o crescimento das cidades e seus impactos em áreas de preservação, a verticalização e impermeabilização do solo.

A Fundação Grupo Boticário fez um estudo procurando no mundo inteiro experiências de adaptação baseadas em ecossistemas que já tivessem sido implantadas e pudessem nortear o Brasil a se inspirar para adotar tais iniciativas.

O estudo está disponível no site da Fundação www.fundacaogrupoboticario.org.br com 100 bons exemplos no mundo de projetos com ecossistemas. Pelo menos 12% deles foram desenvolvidos no Brasil. “Muitos desses exemplos as pessoas não atentaram que eram ações baseadas em ecossistemas. Foram realizadas sem serem identificadas pelo nome ecossistema”, frisou André Rocha Ferretti. 

Um dos objetivos do estudo da Fundação Grupo Boticário é mostrar para as pessoas que implantar projetos baseados em ecossistemas não é nada de outro mundo. Já estão sendo adotadas em várias partes e podem servir de exemplos para experiências locais, inclusive em Natal, que passa por problemas como alagamentos  causados pelas chuvas, deslizamento de terras como aconteceu em Mãe Luiza em junho de 2014.

No site da Fundação há um link para os 100 projetos resumidos e na íntegra para consultas. “A gente buscou nesses estudos itens que mostram o custo e a efetividade dessas ações  em comparação a medidas convencionais, geralmente, obras de infraestrutura tipo os piscinões para controle de cheias, canalização de rios, construção de barreiras.

Os estudos mostram projetos eficientes e compara  custos de obras tradicionais com  os de projetos baseados em ecossistemas que utilizam estratégias como revegetação, restauração de áreas visando aumentar a infiltração da água no solo ao invés de se construir de piscinão ou canalizar rios.

Em muitos dos 100 exemplos estudados são projetos mais baratos que os convencionais e mais eficientes. Outra vantagem de um projeto de ecossistema é que em uma obra convencional de engenharia se prevê algo que vai acontecer. “Se a previsão não se concretizar, a obra será perdida”, questiona o geógrafo.

Com adaptação baseada em ecossistema, a vantagem é que se não ocorrer o que estava previsto, há uma série de outros ganhos como a conservação da biodiversidade, conservação do solo, muitas vezes, com a produção de alimentos. Ao se recolocar a vegetação, enfatizou Ferretti, é feita a restauração do microclima da região, paisagismo. Tem vários ganhos inerentes ao projeto.

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