sexta-feira, 27 de agosto de 2010

País está sob risco crítico de fogo

27/08/2010 - 17h36 
Cerca de 70% do país está sob risco crítico de fogo, aponta Inpe Raquel Maldonado - Do UOL Notícias


  • <b>Mapa referente a esta sexta-feira (27)</b>. Na cor verde escuro estão as áreas que correm risco mínimo de queimadas. Em verde claro o risco é baixo; em amarelo é médio; em vermelho claro é alto e em vermelho escuro o risco de fogo é crítico Mapa referente a esta sexta-feira (27). Na cor verde escuro estão as áreas que correm risco mínimo de queimadas. Em verde claro o risco é baixo; em amarelo é médio; em vermelho claro é alto e em vermelho escuro o risco de fogo é crítico
As altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar registradas nas últimas semanas deixaram cerca de 70% de todo o território nacional sob risco crítico de fogo nesta sexta-feira (27), ou seja, correndo risco iminente de incêndio. A afirmação é de Raffi Agop, meteorologista e analista de queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

A matéria completa pode ser lida aqui.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Simpósio Internacional sobre Mudanças Climáticas em Natal

De 22 a 26 de novembro de 2010, em Natal-RN, haverá um Simpósio Internacional, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas - PPGCC, cujos tema é "Mudanças Climáticas, Impactos e Vulnerabilidades do Brasil: Preparando o Nordeste Brasileiro para o Futuro".  O Simpósio é patrocinado pelo BID e MCT e tem o apoio da UFRN, INPE e CNPq. Informações e Submissão de trabalhos: mciv-neb@ccet.ufrn.br para Posters até o dia 7 de novembro: Ver modelo recomendado em: http://www.ccet.ufrn.br/index.html/.

O objetivo deste evento consiste em criar uma iniciativa de formação de Recursos Humanos no Brasil em ciências climáticas, o que significa atuar na fronteira do conhecimento para enfrentamento das mudanças globais do clima e adaptação a eventos climáticos extremos resultantes da variabilidade natural do clima e também da ação do homem. Pretendem-se debater as principais questões emergentes da relação entre o ambiente e a saúde por meio de Mesas Redondas, Painéis e Comunicações Coordenadas e contará com a presença de conferencistas de renome nacional e internacional. O evento compreenderá cinco temas:

(1) Interação Oceano-Atmosfera;
(2) Eventos Extremos e Semi-Árido;
(3) Instrumentação em Atmosfera e Oceanos;
(4) Modelagem em Clima;
(5) Impactos Ambientais e Medidas Sociais de Mitigação.

Desta forma, esperam-se gerar um ambiente de discussões sobre este tema, de repercussão global na atualidade, com intuito de um maior amadurecimento sobre estudos sobre os possíveis impactos das mudanças climáticas na adaptação, vulnerabilidade e mitigação, com enfoque nas questões demográficas, especialmente sobre a mobilidade. Este evento representará um espaço para participação e contribuição de pesquisadores e alunos de pós-graduação das instituições participantes e da comunidade científica em geral, contribuindo com o ensino e a realização de pesquisas e incentivando a proposição de parcerias institucionais e de cooperação internacional inter-universidades com enfoque na formação de Recursos Humanos no Brasil em Ciências Climáticas. Em breve postaremos novas informações, incluindo a programação final.


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Plantas crescem menos com aquecimento global

Divulgação Científica - 23/8/2010

Agência FAPESP – O aquecimento global não tem feito as plantas crescerem mais, como se estimava, mas sim menos. Segundo um estudo publicado na revista Science, a produtividade dos vegetais tem decaído em todo o mundo. Até então, achava-se que as temperaturas constantemente mais elevadas estariam estimulando o crescimento das plantas, mas a nova pesquisa, feita com dados de satélites da Nasa, a agência espacial norte-americana, aponta o contrário.
O motivo são as secas regionais, indica o estudo feito por Maosheng Zhao e Steven Running, da Universidade de Montana, segundo o qual a tendência na produtividade já dura uma década.
A produtividade é uma medida da taxa do processo de fotossíntese que as plantas verdes usam para converter energia solar, dióxido de carbono e água em açúcar, oxigênio e no próprio tecido vegetal.
O declínio observado na última década foi de 1%. Parece pouco, mas, de acordo com os autores da pesquisa, é um sinal alarmante devido ao impacto potencial na produção de alimentos e de biocombustíveis e no ciclo global do carbono.
“Os resultados do estudo são, além de surpreendentes, significativos no nível político, uma vez que interpretações anteriores indicaram que o aquecimento global estaria ajudando no crescimento das plantas mundialmente”, disse Running.
Em 2003, outro artigo publicado na Science, de Ramakrishna Nemani, do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, e colegas, havia apontado um aumento de 6% na produtividade global de plantas terrestres entre 1982 e 1999.
O aumento foi justificado por condições favoráveis na temperatura, radiação solar e disponibilidade de água, influenciados pelo aquecimento global, que seriam favoráveis ao crescimento vegetal.
Zhao e Running decidiram fazer novo estudo, a partir de dados da última década reunidos pelo satélite Terra, lançado em 1999. Os cientistas esperavam pela continuidade da tendência anterior, mas verificaram que o impacto negativo das secas regionais superou a influência positiva de uma estação de crescimento mais longa, o que levou ao declínio na produtividade.
Segundo o estudo, embora as temperaturas mais elevadas continuem a aumentar a produtividade em algumas áreas e latitudes mais altas, nas florestas tropicais, responsáveis por grande parte da matéria vegetal terrestre, a elevação nas temperaturas tem diminuido a produtividade, devido ao estresse hídrico e à respiração vegetal, que retorna carbono à atmosfera.
O artigo Drought-Induced Reduction in Global Terrestrial Net Primary Production from 2000 Through 2009 (doi:10.1126/science.1192666), de Maosheng Zhao e Steven Running, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

Fonte: Boletim eletrônico da FAPESP.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Fundo Clima tem recurso garantido para ações de mitigação dos efeitos climáticos

19/08/2010 - 11:00
O Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas já tem garantido R$ 200 milhões para o investimento de ações de mitigação e adaptações aos efeitos das mudanças climáticas no Brasil em 2011. O anúncio foi feito pela secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiental, Branca Americano, nesta quarta-feira (18), na mesa redonda Estratégias de Financiamento para o Desenvolvimento Sustentável da Região Semiárida, na 2ª Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid 2010).
Ela explicou que o chamado Fundo Clima tem recurso garantido todos os anos. “Dos recursos, 60% será da participação do petróleo. Isso não implicou em nova carga tributária. Era um dinheiro que já existia. Então, foi mudada a lei do petróleo sobre impactos ambientais e direcionou para o fundo", disse. Segundo a secretária, o Comitê Gestor do Fundo será instalado ainda este ano.
O Fundo Clima foi criado no final d 2009 e é o primeiro do mundo a usar recursos do petróleo no combate às mudanças climáticas. Com um orçamento que pode chegar a R$ 1 bilhão por ano, o dinheiro do Fundo será aplicado em pesquisas e ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, ajudando regiões vulneráveis, como a região semiárida, que sofre com a seca, e os litorais, com risco de alagamento.
Branca ressaltou, ainda, o combate à alteração do clima em consonância com desenvolvimento sustentável, crescimento econômico, erradicação da pobreza e redução da desigualdade social. ”Isso significa ter um novo padrão de desenvolvimento para a região", salientou.
Para este desenvolvimento sustentável, o Brasil deverá aproveitar o potencial natural para reduzir os impactos no País, principalmente na região Nordeste.  "Vão aumentar variabilidades e vulnerabilidades. As chuvas serão mais concentradas e poderão vir em momentos ruins para plantações e terão anos ainda mais secos", alertou Branca.
O pequeno produtor rural será o mais afetado pelas variações climáticas no semiárido. De acordo com a secretária, para enfrentar o problema é preciso conhecer as vulnerabilidades e mapeá-las. Com essas informações, serão criadas ações de mitigação e adaptação mais efetivas. “É preciso  desenvolver projetos econômicos adequados à nova realidade, como em parceria com a Embrapa, para dar mais possibilidade ao pequeno produtor enfrentar o problema climático”, enfatizou.
A secretária também afirmou que o MMA priorizará o semiárido para aplicar recursos do Fundo Clima, principalmente para adaptação. ”Pensar em adaptação é uma oportunidade para agir. E isso é fundamental porque as mudanças climática atingirão de forma perversa aquela região", alertou.
Como alternativas para a região, Branca citou o sistema de Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação (Redd), que é um estímulo ao reflorestamento por gerar crédito de carbono. O uso sustentável na agropecuária reduz emissões e preserva o solo, como ao deixar de usar agrotóxicos nas plantações.
O presidente do Banco do Nordeste (BNB), Roberto Smith, disse que a agenda ambiental está presente nos bancos públicos e privados. No entanto, ressaltou que só com a participação da sociedade civil os bancos priorizarão ações sustentáveis.
Cenários
À tarde, a secretária Branca Americano coordenou a mesa de debates sobre Cenários das Mudanças Climáticas para Regiões Semiáridas. Especialistas mostraram as complexidades das informações no enfrentamento às mudanças climáticas.
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), Carlos Nobre, defendeu a criação de sítios de observação no Brasil para poder entender as variações climáticas da região semiárida. Segundo ele, a variação climáticas é muito grande, o que torna difícil traçar cenários de seca e chuvas.
Branca finalizou destacando o alto custo para se conseguir informações e disponibilizá-las para pesquisas e políticas públicas. “Apesar de toda essas incertezas, isso não pode ser justificativa de inação”concluiu. 

Informações extraídas do portal do MCT

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Aquecimento global causou extinção dos mamutes, diz estudo

Redução da área de pastagem provocada por mudanças climáticas seria a real causa do desaparecimento dos mamutes há 4 mil anos

selo
Um estudo da britânica Universidade de Durham afirma que os mamutes foram extintos por causa da redução nas áreas de pasto causada por mudanças climáticas, e não em consequência da caça por parte de seres humanos.
De acordo com a pesquisa, a elevação da temperatura do planeta com o fim da época mais fria da chamada Era do Gelo – cerca de 21 mil anos atrás – viu um declínio nas áreas de pradarias nas quais esses animais se alimentavam.
Há cerca de 14 mil anos, os Mammuthus primigenius, ou mamutes-lanosos, que um dia fizeram parte da paisagem europeia, se resumiam ao norte da Sibéria, onde acabaram morrendo 4 mil anos atrás.
As razões dessa extinção são incertas e viraram alvo de um intenso debate entre os cientistas.
Enquanto uns argumentam que o processo está ligado ao aquecimento global, outros defendem que foram as pressões em decorrência de uma população humana crescente.
Uma terceira teoria atribui o fim dos mamutes à colisão de um meteoro.
"O que os nossos resultados sugerem é que a mudança climática – através do efeito que teve sobre a vegetação – foi o fator-chave que causou a redução da população e a extinção dos mamutes e de outros herbívoros de grande porte", afirmou o professor Brian Huntley, que coordenou o estudo.
Grama x florestas 
A pesquisa recriou, através de computador, modelos que simularam a vegetação na Europa, Ásia e América do Norte nos últimos 42 mil anos.
Os cientistas levaram em conta o que se acredita ter sido o comportamento do clima durante esse período e modelos de como determinados tipos de vegetação crescem em diferentes condições.
As baixas temperaturas e as condições especialmente secas da Era do Gelo, combinadas com as baixas condições de emissão de dióxido de carbono, não favoreciam o crescimento de árvores, eles concluíram.
Isso fez com que, em vez de florestas, a paisagem daquela época fosse marcada por vastas áreas de pradarias, ideais para herbívoros de grande porte, como os mamutes.
Com o passar dos anos o clima se tornou mais quente e úmido. No fim da era glacial, a concentração de dióxido de carbono era mais elevada. Como resultado, as árvores tomaram áreas que antes eram de pradarias.
"No ápice da Era do Gelo, os mamutes e outros herbívoros contavam com mais alimentos", disse o pesquisador. "Mas à medida que caminhamos para uma etapa pós- glacial, as árvores gradualmente substituíram os ecossistemas herbáceos e isto reduziu muito a área de pastagem."
Fonte: Portal Ig aqui.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Morte por calor na Rússia

09/08/2010 - 20h35

Necrotérios russos não suportam quantidade de mortos por calor

Alexei Anishchuk
Em Moscou (Rússia)



Vários moscovitas estão morrendo por causa do calor intenso e da fumaça dos incêndios florestais, e os necrotérios não dão conta de armazenar tantos corpos antes de cremá-los ou enterrá-los.
Enquanto muitos na Rússia temem que o número de mortos é muito superior ao número oficial, os necrotérios estão lotados e o crematório da capital russa trabalha todos os dias em três turnos, segundo funcionários.
A matéria completa pode ser lida aqui. Não pretendemos, com este post, por em discussão qualquer questão a respeito de "aquecimento global", mas chamar a atenção para a fragilidade do ser humana face às mudanças ambientais, neste caso representado por um aumento significativo da temperatura.


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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Efeitos da seca na Amazônia

Divulgação Científica

4/8/2010
Agência FAPESP – Pesquisas recentes sobre o impacto das secas na região amazônica têm chegado a resultados contraditórios sobre como as florestas tropicais reagem a um clima mais quente e mais seco.
Um novo estudo, feito por cientistas do Brasil e dos Estados Unidos, examina a resposta da Amazônia a variações nas condições climáticas, especificamente considerando como essas mudanças podem influenciar a produtividade da floresta.
Os resultados fornecem um possível contexto para explicar por que estudos anteriores obtiveram conclusões diferentes. A pesquisa – feita por cientistas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), da Universidade da Flórida em Gainesville e do Centro de Pesquisa Woods Hole – foi publicada no site da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
“A pesquisa se baseia em estudos de campo e de sensoriamento remoto para demonstrar que florestas relativamente não mexidas são bem tolerantes à seca sazonal, diferentemente do que ocorre em outros tipos de vegetação e em florestas gravemente modificadas”, disse Paulo Brando, do Impa, autor principal do artigo.
“Nosso estudo também aponta diversos mecanismos potenciais de controle das oscilações sazonais e interanuais na produtividade da vegetação pela bacia amazônica. Até agora, discussões sobre esses mecanismos não têm ocorrido no debate científico a respeito de como a Floresta Amazônica responde às mudanças climáticas globais”, destacou.
Os pesquisadores usaram dados das estações secas no período entre 2000 e 2008, obtidos pelo Índice de Vegetação Avançada do Modis, equipamento de produção de imagens instalado nos satélites Acqua e Terra. As informações foram integradas com dados climáticos de 1996 a 2005, registrados por 280 estações meteorológicas.
Relações estatísticas entre os índices de vegetação e diversas variáveis também foram analisados para toda a bacia do Rio Amazonas e para uma área bastante estudada no Rio Tapajós.
Como as mudanças climáticas globais poderão fazer com que as secas se tornem tanto mais frequentes como mais intensas na Amazônia, o estudo reforça a importância das estratégias de conservação na região.
Mas os autores ressaltam que o estudo demonstra que a resposta da floresta à seca é muito complexo e que mais trabalhos de pesquisa são necessários para examinar as respostas da Floresta Amazônica à seca e como essas respostas serão expressas no futuro.
O artigo Seasonal and interannual variability of climate and vegetation indices across the Amazon (doi/10.1073/pnas.0908741107), de Paulo M. Brando e outros, pode ser lido por assinantes da PNAS em www.pnas.org/cgi/doi/10.1073/pnas.0908741107.

Fonte: eBoletim da agência FAPESP

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Corte unilateral de emissão de CO2 seria 'ato de caridade', diz ganhador do Nobel

John Nash e outros três nobelistas de teoria dos jogos estão em São Paulo para evento na USP

03 de agosto de 2010 | 16h 32
Carlos Orsi - estadao.com.br
O ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1994, John Nash, cuja vida inspirou o filmeUma Mente Brilhante, vencedor do Oscar de 2001, disse em entrevista concedida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP que mais do que um consenso da maioria dos cientistas, uma unanimidade em torno da questão do aquecimento global poderá ser necessária antes que os países aceitem metas obrigatórias de redução de emissões.
Nash foi o elaborador de um conceito, chamado equilíbrio de Nash, no qual os participantes de um jogo se veem numa situação onde nenhum deles é capaz de obter progresso individualmente, mas apenas por meio de uma ação combinada. Seminário realizado na FEA, e que termina nesta quarta-feira, 4, celebra os 60 anos da proposição do equilíbrio de Nash.
Perguntado sobre se a situação atual das negociações a respeito dos cortes de carbono seria um equilíbrio desse tipo, Nash ponderou que, do ponto de vista da teoria dos jogos, não faz sentido um país assumir metas firmes de corte de CO2 se outras nações de igual nível de desenvolvimento não o fizerem. "Assumir sozinho o fardo de salvar o planeta seria como um ato de caridade, como dar dinheiro para a sua igreja mesmo se outros fiéis com a mesma renda que você não o fizerem".
O trabalho de Nash, que é matemático, se inscreve em um ramo da matemática aplicada muito usado por economistas e cientistas sociais - a teoria dos jogos - que analisa incentivos e cria modelos  para determinar como pessoas e sociedades podem ou devem reagir a determinadas circunstâncias, a partir dos bônus e ônus de cada situação. É aplicada tanto no estudo de relações econômicas quanto na preparação de negociações e na elaboração de propostas de reformas políticas e institucionais.
Além de Nash, outros três ganhadores do Nobel de Economia por trabalhos relacionados a teoria dos jogos estão no Brasil para o seminário, que tem o nome oficial de 2nd Brazilian Workshop of the Game Theory Society.
Análises de incentivos às vezes podem levar a soluções contraintuitivas. O ganhador do Nobel de 2005, Robert J. Aumann, disse que a melhor forma de evitar uma guerra é garantir que as partes em conflito tenham incentivos para se abster da violência - e que o melhor incentivo não são concessões de parte a parte, mas sim a percepção de que o adversário é forte e está disposto a se defender. "Se todos os lados do conflito estiverem preparados para a guerra, não haverá guerra".
"Os campeões mundiais da paz foram os romanos, que mantiveram a paz por 400 anos. E qual era o lema deles? Se queres a paz, prepara-te para a guerra. E isso, sim, é teoria dos jogos", disse Aumann, explicando o argumento do discurso que fez ao receber seu Nobel.
A parte da teoria dos jogos que estuda e propõe mudanças em instituições - incluindo governos e parlamentos - esteve representada da FEA pelos nobelistas de 2007, Eric Maskin e Roger Myerson. "Pessoas respondem a incentivos", disse Maskin, resumindo a lógica por trás da teoria. "Se você precisa de uma razão para escolher entre A e B, e eu lhe der um prêmio para escolher A, é mais provável que você escolha A. Esse é o pressuposto".
Maskin faz a ressalva de que a teoria não é capaz de prever o que cada indivíduo vai fazer, mas que funciona bem com grandes grupos de pessoas.
"Embora eu possa desviar um pouco do comportamento médio e você possa desviar um pouco, se houver um número grande o suficiente de nós os desvios vão se cancelar e então, em média, a teoria faz um ótimo trabalho".
Myerson, que está participando de discussões sobre o sistema eleitoral brasileiro, compara a dificuldade de criar os incentivos para uma reforma política com os envolvidos nas disputas sobre livre comércio. "As indústrias ameaçadas pela competição estrangeira têm uma ideia bem clara do que podem perder, e comunicam isso aos governos", disse ele. "Já a perda, menor em cada caso individual mas sofrida por milhões consumidores, por causa da proteção, teve de ser articulada pelos economistas".
Da mesma forma, disse Myerson, estudiosos de teoria dos jogos devem se esforçar para articular e apresentar o que está em jogo para o eleitorado.
O pesquisador declarou que uma de suas inspirações para entrar no ramo de teoria dos jogos foi o romance Fundação, de Isaac Asimov, "no qual um matemático cientista social salva o Universo".
"Não creio que um dia saberemos o bastante para prever o futuro", disse ele, referindo-se ao poder da ciência social fictícia apresentada por Asimov em seus livros, capaz de prever os rumos da sociedade ao longo de séculos. "Mas acho que podemos, sim, evitar desastres. Não prevendo o futuro, mas projetando as regras do jogo".
Nota: matéria reproduzida do portal do Estadão que o leitor acessa aqui.

Edital investe R$ 8 mi para o reflorestamento de áreas degradadas

03/08/2010 - 10:00
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT), por meio do Fundo Setorial do Agronegócio (CT-Agronegócio), lança o edital 026/2010 e convida os interessados a apresentarem propostas. Os projetos devem ser encaminhados ao CNPq exclusivamente via Internet, por intermédio do Formulário de Propostas Online, disponível na Plataforma Carlos Chagas até 9 de setembro. Serão investidos R$ 8 milhões, oriundos do FNDCT/Fundos Setoriais, a serem liberados em três parcelas.
O principal objetivo é apoiar financeiramente projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação voltados ao reflorestamento em áreas degradadas e ambientes impróprios para produção agrícola, visando à restauração ambiental, serviços ecológicos, produção de madeira, biomassa e outros usos. O proponente deve possuir o título de doutor, ter seu currículo cadastrado na Plataforma Lattes, ser obrigatoriamente o coordenador do projeto e ter vínculo celetista ou estatutário com a instituição executora.
Desenvolver tecnologias e inovações para reduzir os impactos das ações antrópicas no meio ambiente, enfatizando os reflorestamentos, preferencialmente com espécies nativas, em áreas degradadas; a melhoria da funcionalidade dos ecossistemas, recuperação de habitat e proteção à biodiversidade; a promoção da recomposição florística com espécies nativas, em áreas de interesse estratégico do ponto de vista ecológico e paisagístico; e a difusão do reflorestamento ecológico no país são outros objetivos a serem alcançados.
O edital também visa apoiar a estruturação de mecanismos de transferência de tecnologia e de ampliação da formação de recursos humanos nas áreas de interesse do mesmo, e estimular a interação dos diversos atores sociais com potencial de influenciar significativamente os cenários a serem abordados pelos projetos. Dessa forma, será dada ênfase a propostas onde se verifique o envolvimento de empresas, órgãos estaduais, prefeituras, comitês gestores de bacias hidrográficas, OSCIP's e/ou de comunidades.
Serão três chamadas de submissão de propostas, conforme sua abrangência. A primeira chamada é para propostas individuais, com valor máximo de financiamento de R$ 100 mil. A chamada 2ª se volta a projetos que integrem mais de um grupo de pesquisa e o investimento máximo é de R$ 200 mil. Já a Chamada 3ª envolve projetos em rede, voltados à validação de modelos de transferência de tecnologia ou de serviços especializados de apoio ao reflorestamento. Estes devem possuir abrangência institucional, reunindo distintos grupos de pesquisa e integrando linhas temáticas. O valor máximo de financiamento é de R$ 600 mil.
Parcela mínima de 30% dos recursos é destinada a projetos coordenados por pesquisadores vinculados a instituições sediadas nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste. As propostas a serem apoiadas deverão ter seu prazo máximo de execução estabelecido em 36 meses. A divulgação dos resultados no Diário Oficial da União e na página do CNPq na internet está prevista para novembro.


Fonte: portal do MCT

Nota: uma das formas de recuperar as perdas de matas e florestas (mais abrangentemente, de biomas), no Brasil pode ser esta via. No caso específico do nordeste brasileiro, isto tanto é válido para o semi-árido, a fim de evitar o aumento do processo de desertificação, quanto para as áreas do litoral e estuários, para minimizar efeitos de aumento do nível médio do mar e problemas com erosão.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Amazônia azul

29/7/2010
Por Fabio Reynol, de Natal (RN)
Agência FAPESP – A química de produtos naturais extraídos do mar é recente em todo o planeta. Iniciada na década de 1960, essa área de investigação começa agora a despontar no Brasil, país que guarda gigantesca biodiversidade em suas águas oceânicas, a ponto de receberem o apelido de “Amazônia azul”.
Foi o que apresentou Vanderlan da Silva Bolzani, professora titular do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e membro da coordenação do Projeto Biota-FAPESP, em conferência na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que está sendo realizada em Natal (RN) e segue até sexta-feira (30/7).
Segundo ela, a pesquisa de substâncias químicas oriundas do mar apresenta defasagem em relação à bioprospecção de elementos retirados de biomas terrestres.
Iniciada na década de 1960, a química de produtos naturais marinhos começou a isolar metabólitos secundários na década seguinte, diversificando as substâncias extraídas com o aprimoramento de tecnologias.
Para Vanderlan, o Brasil começa somente agora a formar uma quantidade de pesquisadores mínima para começar a responder à demanda nacional do setor. “Novas gerações de cientistas vêm expandindo as áreas de pesquisa e incluindo o mar”, observou.
Isso é importante, segundo ela, porque o país está muito atrás nesse conhecimento com relação a Japão, Estados Unidos, Chile, Canadá e Itália. Em um levantamento publicado por John Blunt, da Universidade Canterbury, na Nova Zelândia, o Brasil nem sequer aparece entre os países que apresentam atividades de pesquisa marinha.
“O número de pesquisadores é tão pequeno que desapareceu quando ele aplicou o desvio padrão. É como se não participássemos da pesquisa de marinhos do mundo”, disse Vanderlan.
A pesquisadora defende a abertura de oportunidades e de incentivos para que novos talentos ingressem nessa área de pesquisa. “Após dez anos de programa, nós do Biota-FAPESP percebemos que não bastava fazer renascer o verde. Precisamos também salvar o azul dos oceanos”, afirmou.
Por conta dessa deficiência, o programa lançou chamada de propostas, que anunciou os projetos apoiados na semana passada. A chamada busca promover o avanço do conhecimento em áreas relacionadas à biodiversidade do ambiente marinho.
“A SBPC foi muito feliz ao pensar no mar logo após a reunião [do ano passado] que tratou da Amazônia, pois são patrimônios importantes para o país que devem ser preservados”, afirmou.
“Além do conhecimento, a ciência poderia trazer desenvolvimento econômico e social tanto para a população amazônica como para aquelas que habitam o litoral brasileiro. Na reunião de Manaus, afirmei que o extrativismo não havia levado riqueza à Amazônia, mas a pesquisa em moléculas de alto valor agregado poderia cumprir essa função. O mesmo pode ocorrer com o mar”, disse.
O Brasil teria vocação, segundo Vanderlan, para avançar ainda mais longe no mar e participar do grupo de países que começam a explorar os ambientes marinhos extremos, marcados por condições severas de temperatura, pressão e outros fatores.
“A química encontrada nesses ambientes é diferenciada e muito mais diversificada, pois a natureza é obrigada a responder quimicamente aos imensos estresses impostos pelo ambiente”, disse, enquanto apresentava o mapa mundial dos chamados hot spots oceânicos desses extremos.
Entre as conquistas da química vinda do mar, a professora da Unesp salientou um peptídeo extraído do caramujo marinho Conus magus, que deu origem ao medicamento Prialt, considerado uma alternativa à morfina, analgésico utilizado há cerca de dois séculos no tratamento de dores crônicas.
Preservar o azul
Como os biomas terrestres, os marinhos também precisam ser explorados de maneira sustentável para que não sejam degradados. Vanderlan comparou o mar brasileiro ao Cerrado, bioma em boa parte degradado antes que a ciência descobrisse sua complexidade molecular.
O desenvolvimento da ecologia marinha, a criação de redes colaborativas internacionais, a aproximação com o setor industrial e a realização de encontros entre especialistas foram algumas sugestões da cientista para a consolidação do conhecimento dos mares.
A instalação de centros de pesquisa ao longo da costa brasileira também seria importante, segundo Vanderlan, para que fossem contempladas as diferentes características do mar do Brasil.
“Realizamos reuniões de altíssimo nível em São Paulo que podem ajudar muito, especialmente para aumentar os contatos entre pesquisadores”, disse, convidando os interessados para o primeiro Workshop de Biologia Marinha do Biota-FAPESP, que será realizado nos dias 9 e 10 de setembro na sede da Fundação.
As reuniões e as redes internacionais são, segundo Vanderlan, excelentes auxílios na formação de recursos humanos em ciências marinhas. Segundo ela, a investigação sobre o mar beneficiará o país não somente por gerar novos produtos químicos, mas também porque irá aumentar o conhecimento básico sobre o mar, que ainda é pequeno.
“A química de produtos naturais brasileiros ainda é tradicional e conservadora, precisamos pesquisar novos ambientes e o mar é um excelente laboratório”, destacou.

A matéria acima foi publicada na edição Especial do eBoletim da agência FAPESP, por ocasião da 62a Reunião Anual da SBPC, e pode ser vista aqui.

domingo, 1 de agosto de 2010

Especialista alerta para acidificação dos oceanos



30/07/2010 - 12:33
Uma mudança gradual no índice de acidez da águas dos oceanos coloca em risco a vida marinha. Alguns estudos apontam que as consequências serão drásticas em até 100 anos. Os corais, que abrigam milhares de seres vivos, tendem a se transformar em rochas se nada for feito.

De acordo com o pesquisador da Universidade Santo Tomas (UST), do Chile, Nelson Suarez, o pH da água da superfície do mar diminuiu em 0,1 desde o início da industrialização, há pouco mais de um século. “Os oceanos, que representam dois terços do planeta, absorvem o gás carbônico (CO²). Quanto mais moléculas forem emitidas mais problemas teremos. A acidificação do oceano afeta milhões de pessoas”, alertou Suarez.

Os organismos mais afetados pela acidificação são os da base da cadeia alimentar marinha, envolvidos diretamente na manutenção da vida nos oceanos. A redução do pH afeta processos como a fotossíntese, o crescimento e a reprodução. Na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),  em Natal (RN), cerca de 50 pessoas participaram das discussões sobre a esse problema que avança lentamente.

Segundo Suarez, a melhor maneira de combater esse problema é diminuir a emissão de CO²  na atmosfera. Estudos apontam que até o fim do século, o pH dos oceanos deve reduzir entre 0,2 e 0,3.

Nota: A matéria acima foi originalmente publicada no portal do MCT, e pode ser vista aqui.