terça-feira, 13 de abril de 2010

As Ciências Climáticas e o RN

    As ciências climáticas tiveram forte impulso provocado pelo debate mundial em torno das mudanças climáticas globais, especialmente relativas às ações antrópica, ou seja, das atividades humanas. Estudos indicam que essas atividades têm alterado as concentrações dos gases de efeito estufa. Pesquisas recentes apontam para um aumento de 0,5ºC grau centígrados causado por essas atividades.
    O Brasil tem tido um papel de destaque no debate mundial a respeito das mudanças climáticas, devido a vários fatores, entre os quais se destacam a importância da região amazônica e de todo o litoral brasileiro e o mar (a Amazônia azul). Para o nordeste do Brasil, os destaques ficam por conta do semi-árido nordestino e da extensa zona costeira.
    O semi-árido brasileiro, grande parte do qual se encontra na região nordeste, passa por um processo de desertificação de grandes implicações como a queda de produção no setor agropecuário e a necessidade de adaptação da biota da região, inclusive das condições para a vida humana. Por outro lado, o nordeste brasileiro possui uma longa faixa costeira, ao longo da qual se situam as principais áreas metropolitanas da região, exposta ao Oceano Atlântico, tornando-a muito vulnerável a alterações no nível médio do mar.
    O estado do Rio Grande do Norte, em particular, é um retrato em menor escala do que acontece com toda a região nordeste. Praticamente todo o estado tem sua área concentrada entre o semi-árido, chegando a representar mais de 90% da área total, e o litoral, que representa a outra parcela significativa do seu território. A região metropolitana de Natal representa uma grande concentração urbana, e tem no turismo e na pesca uma importante fonte para a economia da região. Tudo isto faz com que este estado se torne extremamente vulnerável às mudanças climáticas, quer elas sejam produzidas pelas atividades humanas, quer elas sejam decorrentes dos processos naturais. Além disto, apesar da grande importância do conhecimento das condições meteorológicas e climatológicas para o enfrentamento dessas questões, são poucos os estudos conduzidos em nosso estado. Na maioria das vezes, tais estudos se reduzem ao monitoramento de algumas variáveis meteorológicas, sem consequências posteriores. Ainda são escassos os registros climáticos em nosso estado, que tenham um bom grau de confiabilidade. Uma exceção a esta regra são os dados das concentrações de ozônio e a incidência da radiação ultravioleta na região de Natal, que estão sendo monitorados continuamente pelo Centro Regional do Nordeste (CRN) do INPE desde 1978. Bancos de dados pluviométricos são mantidos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (EMPARN), que tem se aprimorado cada vez mais na aquisição desses dados. Praticamente não existem registros cientificamente confiáveis dos chamados eventos climáticos extremos, como longos períodos de estiagens ou grandes inundações, que trazem grandes prejuízos para a economia local e representam grande risco à vida. O CRN/INPE tem um papel importante em um projeto global sobre o oceano – o projeto PIRATA. Entretanto, apesar da enorme importância do mar para o nosso estado, não existem estudos realizados por instituições potiguares na área de oceanografia física que possam dar suporte quantitativo a respeito da influência do oceano nas alterações climáticas locais.
    Portanto, pelo que foi exposto, as Ciências Climáticas têm uma grande contribuição a dar na abordagem das questões climáticas relevantes para o estado do RN. Este conhecimento é de uma importância fundamental para a sociedade, em particular para os gestores públicos, para que possam adotar políticas públicas de enfrentamento às mudanças climáticas. Neste sentido, este é um campo de conhecimento que está sendo iniciado no âmbito da UFRN, em parceria com o INPE, que já conta com a colaboração da EMPARN, e que brevemente deverá estreitar colaborações com outras instituições nacionais e internacionais, interessados em compreender melhor os efeitos locais, regionais e globais de mudanças climáticas.

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